Há pouco assisti a um
discurso do juiz Sérgio Moro em um vídeo de José Marcio Castro Alves e fiquei
admirado com algumas palavras do magistrado.
Em seu discurso, Moro
fala da “ditadura militar”, um regime antidemocrático e autoritário, da
redemocratização com a Constituição de 1988, e outros detalhes, deixando
transparecer uma ignorância total sobre os fatos reais de nossa história ainda recente!
Ora, o juiz Sérgio Moro
é, sem dúvida uma pessoa extremamente competente em suas funções de magistrado
e professor universitário, está conduzindo com eficiência e lisura a Operação
Lavajato, corajosamente condenando personalidades públicas de vasto apoio
popular, como o ex-presidente Lula, e fazendo sua parte para conter o maior caso
de corrupção da história. Com isso tem se mostrado como pessoa de retidão
indiscutível.
Mas qual a causa de sua
falta de conhecimento histórico e sua opinião canhestra acerca dos fatos?
Obviamente foi a escola
que teve. Moro nasceu em 1972, portanto deve ter cursado o segundo grau em 1980
e a Faculdade de Direito, provavelmente depois de 1984, início da tal Nova
República, o que significa que teve uma instrução ministrada por professores
socialistas que lhe incutiram essa visão enviesada da história (ditadura,
repressão, torturas, perseguição policial, etc.).
A minha geração
assistiu aos feitos dos militares a uma certa distância. No interior de SP
ficávamos sabendo dos acontecimentos através de telejornais (na época a TV
Tupi) e dos jornais que meu pai assinava, como o Estadão mas, curiosamente, na
escola nada era comentado pelos professores. Porém no meio estudantil já havia
um clima de revolução em surdina. No curso científico (hoje 2º grau), alguns
alunos mais “politizados” já falavam sobre a guerra do Vietnã (que eu simplesmente
acreditava nas versões gerais) e a Revolução Cubana, que para todos era a
libertação do povo cubano.
Apesar do que na época
era um modismo, me mantive com uma certa visão direitista como eram todos os
mais velhos em nosso município de mentalidade rural de produtores de café, apesar
de, à minha maneira, alimentar uma certa simpatia de adolescência pelo modismo
vigente. No final das contas escapei ileso.
Hoje sou um
intervencionista convicto e creio na urgência de uma revisão geral do conceito
de escola sob pena de continuarmos formando gerações e gerações de ignorantes, desconhecidos
da verdade, apaixonados por prazeres perniciosos e alheios à realidade que só
pode leva-los ao fundo do poço.
Quanto ao juiz Sérgio
Moro, a bem da própria justiça, seria necessário uma boa dose de Olavo de
Carvalho e outros tantos que poderiam levá-lo a mudar seus conceitos sobre a
realidade brasileira e, se tiver a humildade de que seu caráter probo
necessita, mudar seu discurso para o bem de tantos que veem nele um ídolo e um
exemplo.